Bem, é a ti este
Mas como a ti não o posso cantar
Cantarei-o a esta almofada
De um fôlego só o irei fazer sair
Pelo menos tentar, se a tanto não conseguir
De contar a ti, digo, à invertebrada
Aquilo que primeiramente senti,
Pois aqui fica a vontade registada!...
:
Será de seda o tecido que te cobre?
Ou de algodões selvagens, semeados em altitudes
Ou ainda de seixos, que habitem nas profundezas...
Sobre a tua tez tanto sei
Que sentes aquilo que sabes
Sobre mim deixas escapar
O teu escudo de vontades
Daquelas que movem passarolas
Que te defende das iniquidades
É esse o mesmo, o indefinido protector
Que da tua não-córporea identidade me separa;
Mas sendo o real imaginado de pouco me diz
Pois esse é mesmo em que,
Na altura em que o quebrei à espadeirada
Pouco me importara
Ó musas, ó tágides,
Ó tristes adorações que escapam de mim
Bocejos de despreocupação,
Não apareçam vós
Nas palavras de quem vos conta
Pois ninguém dos de vós bocejos solta
Contra aquela de quem venho aqui falar
Mas no entanto aí está
Parada, impiedosa,
Mas com uma pureza augusta
De quem consegue tudo abarcar
E consertar ao que deu colo
Pois sendo essa criatura atingível,
Consegue fugir mais
Que as adorações antes ouvidas
E eu
Tomado pelo cansaço
Encontro-me apenas sentado
Escuto
Recupero a respiração
E com um fôlego renovado
Reinvisto da imaginação
Para tentar repôr um bocado
Do que me faltará em coração
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