Deitou-se com uma mão a cheirar a perfume e outra a cheirar a alho
Abriu o laptop e contemplou o perfil salgado dela
Sabia-lhe o seu gosto tanto quanto se enterrava no sofá sem sair do sítio
Uma corrente de inibições deu-lhe uma pontada na coluna, quando atravessou a manta grossa de algodão e lã, grossa...
Não era Natal se não o pudesse passar com os seus amigos.
Não passava de ano sem rodar uma taça de sei lá o quê pelos companheiros.
E ali estavam eles. O alter ego bêbado que nem uma esponja, não se aguentou muito até estar rodeado por uma poça de pedaços dele, sucos digestivos vários, membros e idiossincrasias de um barril de Porto. Os outros deixaram o moço a dormir, já sabiam que aquilo ainda dava umas piadas para animar a madrugada, com todos a cair e ele com a genica e dor de cabeça.
Entretanto as várias personas viam vídeos antigos, e nem se queixavam nem ligavam nem se lembravam que os pudessem alcançar, no fundo estava tudo aguentando aquelas trágicas comédias passadas à espera da hora do karaoke.
Bem, mais um pouco e dormia, aí é que eles se iam divertir. Mas não se divertia ele, ia ser excluido pelos seus amigos, os seus companheiros. Que luz irritante, decidiu-se a desligar o computador, ah, é verdade, já me esquecia de ti. Já te tinha dito que és boa? Nunca te disse! Nunca lhe tinha dito. Também nunca lhe tinha dito que precisava da mão dela e dos seus olhos para dormir. Não que fosse necessário para dormir, mas se sabia bem... Claro que outras coisas lhe sabiam bem, como, por exemplo, o seu rabo. Há que fazer escolhas. Como não lhe disse nada, decidiu adormecer, é porque a passagem de ano no bar onde trabalha ainda deu muito chão por onde esfregar. Bom Natal rapaziada, e bom ano.
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