quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Saga da Senhora que Comprou uma Geringonça - Prosa

Para servir as suas necessidades de ocupação de tempo, a Dona Apolinária comprou um computador. Entusiasmada, abriu-o, desviou o napron da mesa da sala, espalhou as peças e montou-o. Orgulhosa do seu feito quis experimentá-lo, pelo que decidiu escrever o seu nome. Ligou a máquina, iniciou um novo documento no processador de texto e escreveu: "Apolinária". Ficou contente. Desligou o computador.

Um instante depois de o novo companheiro deixar de suspirar, lembrou-se que o seu primeiro nome era muito singular, demasiado singular, e essa singularidade incomodava-a. Então, ligou o computador. Deixou escrito "Apolinária Bento". Sorriu. Que lindo. Desligou o computador.

Logo depois de se ter levantado para ir lavar as suas pantufas, Dona Apolinária estacou. Não tinha dado nome ao ficheiro... Ligou o computador. Abriu o ficheiro "Sem Título" e guardou-o como "Nome". Em êxtase, deleita-se com o feito, enquanto o computador desliga.

Levantou-se. Tropeçou, no tapete e nas suas ideias. Um ficheiro com um nome chama-se "Nome"? Não era um nome, era o seu nome! Ligou o computador. Alterou o nome do ficheiro para "O Meu Nome". Desligou o computador.

Lembrou-se que algo já tinha o nome de "O Meu...". O que era? Ligou o computador. Bem na frente dela um nome piscava: "O Meu Computador". Ao lado deste, a existência de um ficheiro chamado "O Meu Nome" tornava o computador da Dona Apolinária repetitivo. Alterou o nome do ficheiro. Desligou o computador.

A Dona Apolinária ofereceu o computador à neta. Comprou um massajador facial.

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